sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Afinal, onde está a crise?


Venezuelanos tentam reproduzir anúncio de emprego em Boa Vista, Roraima. 
Foto: UNODC

Por Carla Nogueira e Juliana Coelho

Fonte: Carla Nogueira

O drama sobre os imigrantes venezuelanos na cidade de Boa Vista, Roraima, parece não ter fim. Já falaram sobre doenças e desempregos que esses seres humanos que são, na fala dos grandes veículos midiáticos, vítimas da crise que assola o nosso país vizinho. A principal problemática nessa é, na verdade, a ocultação de informações que seriam relevantes para explicar toda essa questão migratória. 

Os jornalistas brasileiros que tentaram cobrir a situação da Venezuela sem se basear somente no material enviado pelas agências de notícias afirmam que o maior problema no país é a polarização que existe na sociedade. O repórter Yan Boechat explica, em entrevista ao portal da Casa Pública, que a tática que usa para explicar o contexto real que se encontra o país vizinho, é falar sobre o cotidiano da população. "Como é que as pessoas estão vivendo, independente de que lado elas estejam ou não. Eu tenho tentado fugir de questões políticas maiores porque eu acho que o caso que a Venezuela vive hoje extrapola a questão ideológica", afirmou o jornalista que hoje trabalha como freelancer.  

Segundo relatório difundido em dezembro de 2017, os números divulgados em massa não revelam o número preciso de relações migratórias entre os países que fazem fronteira com o território venezuelano. Entre os fluxos analisados, o Brasil é surpreendentemente um entre os três países que mais tiveram população emigrando no ano passado. Em comparação, a Venezuela teve 657.439 cidadãos que se mudaram do país, enquanto o número total de brasileiros que decidiram tentar a vida em outro país é de 1.612.860.  

O jornalismo enfrenta uma crise de formatação, mas nada justifica a manipulação de dados, sobretudo, tendo em vista a responsabilidade social que a área compõe. No último mês imigrantes foram agredidos e expulsos da cidade fronteiriça de Boa Vista após a informação de que a vinda daqueles que não conseguem acesso à saúde em seus países, faria com que a população roraimense. Em decorrência dos ataques que envolveram até mesmo o ato de atar fogo em moradias improvisadas, 1,2 mil venezuelanos cruzaram de volta a fronteira do país com o Brasil. 

Com aqueles que voltam para a escassez de alimento e recursos básicos de sobrevivência, volta também a esperança de uma vida melhor. Na ida para um novo lugar, possivelmente imaginaram que teriam que enfrentar as distinções culturais, mas nunca provavelmente não cogitaram a possibilidade de passar por situações desumanas onde o que está no comando é o egocentrismo, que apesar de ser também resultado de um sistema humanamente autodestrutivo, denuncia uma crise moral e a falta de empatia dos brasileiros e seus governantes.  

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